O Papa alertou este Domingo para uma sociedade prisioneira da “pressa” e para as “vítimas do ativismo”, nas comunidades católicas.
“Este é um alerta importante para nossas vidas, para a nossa sociedade frequentemente prisioneira da pressa, mas também para a Igreja e para o serviço pastoral. Irmãos, irmãs, estejamos atentos à ditadura do fazer”, disse, desde a janela do apartamento pontifício, antes da recitação da oração do ângelus.
Francisco recordou, em particular, os pais que têm de “sacrificar o tempo” para a família, em função do seu emprego, saindo de manhã e voltando à noite.
“Esta é uma injustiça social. Nas famílias, os pais e as mães deveriam ter tempo para partilhar com os filhos e fazer crescer este amor familiar”, referiu.
A reflexão partiu de uma passagem do Evangelho segundo São Marcos, na qual Jesus convida os discípulos a descansar num “lugar deserto”, mas acaba por ser seguido por uma multidão, da qual sente “compaixão”.
“Parecem duas coisas inconciliáveis, mas, na verdade, complementam-se: descanso e compaixão”, assinalou.
O Papa sublinhou que o descanso proposto por Jesus “não é uma fuga do mundo, uma retirada para o bem-estar pessoal
As duas realidades – descanso e compaixão – estão interligadas: só quando aprendemos a descansar podemos ter compaixão. De facto, é possível ter um olhar compassivo, que consegue perceber as necessidades do outro, apenas se o nosso coração não estiver consumido pela ânsia do fazer, se soubermos parar e, no silêncio da adoração, receber a graça de Deus”.
Francisco questionou os presentes sobre a capacidade de “parar”, durante o dia a dia”: “Sei dedicar um momento para estar comigo mesmo e com o Senhor, ou estou sempre tomado pela pressa, pela pressa das coisas por fazer?”.
“Que a Virgem Santa nos ajude a repousar no Espírito, mesmo no meio a todas as atividades cotidianas, e a sermos disponíveis e compassivos com os outros”, desejou.
OC