O Papa denunciou este Domingo no Vaticano o “ritualismo” religioso, feito de exterioridade, apelando a uma coerência entre os momentos de oração e os gestos de atenção aos outros.
“A relação com Deus fica reduzida a gestos externos, e internamente permanecemos impermeáveis à ação purificadora da sua graça, entregando-nos a pensamentos, mensagens e comportamentos desprovidos de amor”, advertiu, antes da oração do ângelus.
Falando perante milhares de peregrinos reunidos na Praça de São Pedro, Francisco apresentou uma reflexão a partir da passagem do Evangelho segundo São Marcos em que Jesus aborda os temas do puro e do impuro, “principalmente ligado à observância de ritos e regras de comportamento”.
“A pureza não está ligada a ritos externos, mas antes de tudo a disposições internas, disposições interiores. Para ser puros, portanto, não há necessidade de lavar as mãos diversas vezes, se depois se alimentam no coração sentimentos malvados como ganância, inveja e orgulho, ou más intenções como engano, roubos, traição e calúnia”, precisou.
O Papa sublinhou que o ritualismo “não faz crescer no bem”.
“Pelo contrário, às vezes pode levar a negligenciar, ou até mesmo a justificar, em si e nos outros, escolhas e comportamentos contrários à caridade, que ferem a alma e fecham o coração”, sustentou.
Não se pode, por exemplo, sair da Santa Missa e, já no adro da igreja, parar para fazer comentários malévolos e desprovidos de misericórdia sobre tudo e sobre todos”.
Francisco criticou quem se procura mostrar “piedoso na oração”, mas depois em casa trata “com frieza e distância os próprios familiares, ou negligencia os pais idosos, que precisam de ajuda e companhia”.
A intervenção concluiu-se com questões sobre a forma de viver a fé de forma “coerente”, concretizando “na proximidade e no respeito aos irmãos” o que se diz na oração.
Após a recitação do ângelus, o Papa recordou a beatificação de Ján Havlík, seminarista da Congregação da Missão, nascido a 12 de fevereiro de 1928, que morreu a 27 de dezembro de 1965, três anos após ter sido libertado da prisão.
O novo beato foi torturado, durante 14 anos, pelo regime comunista da antiga Checoslováquia.
Ontem, em Šaštín, na Eslováquia, foi beatificado Ján Havlík, um fundada por São Vicente de Paulo.
“Este jovem foi morto em 1965, durante a perseguição do regime à Igreja na antiga Checoslováquia. Que a sua perseverança no testemunho da fé em Cristo seja um encorajamento para aqueles que ainda hoje sofrem tais provações”, desejou o Papa.
Francisco rezou também pelas vítimas do acidente ocorrido no Santuário de Nossa Senhora da Conceição, na cidade brasileira do Recife, onde a estrutura do teto desabou, na última sexta-feira, durante a distribuição de cestas básicas, deixando mortos e feridos.
“Que o Senhor ressuscitado dê força aos feridos e às suas famílias”, desejou o Papa.
OC