Realiza-se no Vaticano o primeiro dos Jubileus temáticos programados para este Ano Santo. São milhares os jornalistas que vieram a Roma participar de três dias intensos de programação. Francisco deixou o discurso de lado e preferiu dirigir algumas palavras improvisadas aos presentes na Sala Paulo VI.
O Papa se reuniu com comunicadores de todo o mundo para o primeiro Jubileu temático deste Ano Santo. A Sala Paulo VI acolheu milhares de profissionais oriundos de 138 países, superando as expectativas dos organizadores.
A eles, Francisco dirigiu algumas palavras de saudação, afirmando ser uma "tortura" ler naquele momento, próximo do almoço, o discurso de nove páginas preparado para a ocasião.
"Gostaria somente de dizer uma palavra sobre a comunicação: comunicar é sair um pouco de nós mesmos, para dar algo de mim ao outro. E a comunicação não é só saída, mas também o encontro com o outro. Saber comunicar é uma grande sabedoria. Estou feliz com este Jubileu dos Comunicadores. O seu trabalho é de construção, constrói a sociedade, a Igreja, fazer tudo ir para frente desde que seja verdadeiro. Comunicar é algo divino. Obrigado por aquilo que fazem."
Após a bênção, o Pontífice saudou pessoalmente alguns dos comunicadores presentes.
Já no discurso entregue ao prefeito do Dicastério para a Comunicação, Paolo Ruffini, e transmitido a todos os participantes, Francisco afirma rezar por todos os comunicadores que morreram no exercício de sua profissão, colocando “suas vidas em risco para buscar a verdade e relatar os horrores da guerra” e “assinaram suas reportagens com o próprio sangue”.
A oração do Pontífice foi também a todos os profissionais que estão detidos “simplesmente por serem fiéis à sua profissão de jornalista, fotógrafo, cinegrafista”. “Que uma ‘porta’ também seja aberta para eles, pediu o Santo Padre, recordando que “a liberdade deles é a liberdade de cada um de nós”.
A propósito, Francisco pediu que seja garantida a liberdade de imprensa e de pensamento, pois a “informação livre, responsável e correta é um patrimônio” a ser preservado e promovido.
Ser jornalista, afirmou o Papa, é mais do que uma profissão. É uma vocação e uma missão, com uma responsabilidade peculiar e uma tarefa preciosa. A linguagem utilizada pode acender ou apagar a esperança, pode dar voz aos marginalizados.
Outro ponto tocado por Francisco foi sobre a coragem, que tem sua raiz na palavra coração. Para o Santo Padre, é esta palavra que sintetiza todas as mensagens publicadas nos últimos anos para o Dia Mundial das Comunicações Sociais, pois implica a coragem para ouvir com o coração, falar com o coração, custodiar a sabedoria do coração, compartilhar a esperança do coração. “Por isso, gostaria de acrescentar ao meu apelo pela liberação dos jornalistas outro ‘apelo’ que diz respeito a todos nós: o da “liberação” da força interior do coração. De cada coração!”
O convite do Papa é para aproveitar a oportunidade deste Jubileu para renovar e redescobrir essa coragem e libertar o coração daquilo que o corrompe. Como por exemplo, a coragem para expulsar a “atrofia cerebral” (brain rot) causada pela sobrecarga digital, definida pelo Dicionário de Oxford como a palavra do ano. “Onde melhor encontrar a cura para essa doença do que trabalhando, todos juntos, na formação, especialmente dos jovens?”, provoca Francisco, que identifica a necessidade de uma “alfabetização midiática” para educar ao pensamento crítico. “Os grandes combates não podem ser o resultado de uma multidão de mentes adormecidas, mas começa com a comunhão de corações iluminados.”
Como exemplo desta coragem e coração, o Pontífice citou São Paulo, de quem celebramos a sua conversão neste 25 de janeiro. A metamorfose de Paulo foi causada por seu encontro face a face com Jesus ressuscitado e vivo, isto é, gerada pela comunicação direta entre os dois, que foi descrito nos Atos dos Apóstolos três vezes com um poder transformador.
O convite do Papa é para que os jornalistas utilizem justamente este poder para contar histórias de esperança, histórias que alimentam a vida. “Quando contarem sobre o mal, deixem espaço à possibilidade de consertar o que está rompido", semeando interrogativos. Contar a esperança significa ver as migalhas do bem escondidas mesmo quando tudo parece perdido.
“E é isso o que eu os encorajo a fazer: contar a esperança, compartilhá-la. Esse é - como diria São Paulo - o seu ‘bom combate.”
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