Papa diz que vive “tempo de cura” e pede orações pela paz

Papa diz que vive “tempo de cura” e pede orações pela paz

O Papa assumiu este Domingo, estar a viver um “tempo de cura” na Quaresma de 2025, marcada pelo internamento e convalescença por causa de problemas respiratórios.

“Caríssimos, vivamos esta Quaresma, ainda mais no Jubileu, como um tempo de cura. Também eu a estou a viver assim, na minha alma e no meu corpo”, refere, na reflexão que escreveu para o ângelus dominical, divulgada pelo Vaticano.

A intervenção escrita foi enviada aos jornalistas, sem leitura pública, pela sétima semana consecutiva.

“Agradeço de coração a todos aqueles que, à imagem do Salvador, são instrumentos de cura para o próximo com a sua palavra e o seu saber, com o seu afeto e com a sua oração”, refere Francisco.

O Papa regressou no dia 23 de março à Casa de Santa Marta, após o maior internamento do atual pontificado, iniciado a 14 de fevereiro, no Hospital Gemelli, na sequência de uma infeção polimicrobiana das vias respiratórias, que se agravou para uma pneumonia bilateral.

“A fragilidade e a doença são experiências comuns a todos nós, mas somos ainda mais irmãos na salvação que Cristo nos deu”, indica a reflexão.

Francisco pede, no seu texto, que se reze pela paz “na martirizada Ucrânia, na Palestina, em Israel, no Líbano, na República Democrática do Congo e em Myanmar, que também está a sofrer muito com o terramoto”.

“Acompanho com preocupação a situação no Sudão do Sul. Renovo o meu apelo sincero a todos os líderes para que envidem todos os esforços para diminuir a tensão no país”, acrescenta.

Temos de pôr de lado as nossas diferenças e, com coragem e responsabilidade, sentarmo-nos à volta de uma mesa e encetar um diálogo construtivo. Só assim será possível aliviar o sofrimento do querido povo sul-sudanês e construir um futuro de paz e estabilidade”.

O Papa recorda ainda que, no Sudão, a guerra “continua a fazer vítimas inocentes” e defende a intervenção da comunidade internacional a “intensificar os seus esforços para fazer face a esta terrível catástrofe humana”.

“Exorto as partes em conflito a colocarem em primeiro lugar a salvaguarda da vida dos seus irmãos e irmãs civis; e espero que se iniciem o mais rapidamente possível novas negociações, capazes de assegurar uma solução duradoura para a crise”, apela.

Francisco saúda a ratificação do acordo sobre a demarcação da fronteira entre o Tajiquistão e o Quirguizistão, “um excelente feito diplomático”.

“Que Maria, Mãe da Misericórdia, ajude a família humana a reconciliar-se em paz”, conclui.

A sala de imprensa da Santa Sé informou na última sexta-feira que o Papa registava uma “ligeira melhoria” no seu estado de saúde, com “redução gradual” de débito da oxigenoterapia.

Francisco concelebra a Missa diária na capela do segundo andar da Casa de Santa Marta, onde reside, e continua sem reservar visitas, passando o dia em repouso, tratamentos e alguma atividade de trabalho, sendo acompanhado por uma equipa médica 24 horas por dia.

Em entrevista ao jornal italiano ‘Corriere della Sera’, o secretário de Estado do Vaticano, cardeal Pietro Parolin, afirmou que o Papa “nunca deixou de governar” a Igreja, “mesmo nos dias mais difíceis” do internamento no Gemelli.

Quanto à agenda das próximas semanas, a mesma depende “da forma como o Santo Padre se sentir durante estes dias”, sublinhando que o importante neste momento é que “ele possa descansar e recuperar”.

A reflexão para o ângelus deste domingo sublinha a importância da misericórdia, num momento em que Roma acolhe cerca de 500 Missionários da Misericórdia, para a sua celebração jubilar, no Ano Santo 2025.

Francisco fala da parábola habitualmente conhecida como do filho pródigo, apresentada no Evangelho segundo São Lucas.

“Jesus repara que os fariseus, em vez de se alegrarem porque os pecadores se aproximam dele, se escandalizam e murmuram nas suas costas. Então conta-lhes a história de um pai que tem dois filhos: um sai de casa, mas depois, tendo acabado na pobreza, regressa e é acolhido com alegria; o outro, o filho ‘obediente’, desdenhando do pai, não quer entrar na festa”, assinala.

“É assim que Jesus revela o coração de Deus: sempre misericordioso para com todos, cura as nossas feridas para que nos possamos amar como irmãos”, aponta o Papa.

 

OC