Os votos de Santa Páscoa 2010, expressos por Bento XVI na nossa língua, no final da solene celebração eucarística, na Praça de São Pedro, e após a Mensagem dirigida a todo o mundo da varanda central da basílica.
"A Páscoa é a verdadeira salvação da humanidade!" "A Ressurreição de Cristo é uma nova criação... um acontecimento que modificou a orientação profunda da história, deslocando-a definitivamente para o lado do bem, da vida, do perdão. Estamos livres, estamos salvos. Por isso exultamos do mais íntimo do coração: ‘Cantemos ao Senhor, verdadeiramente glorioso!"
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Palavras da solene mensagem do Papa "Urbi et Orbi", à Cidade de Roma e ao mundo, nesta Páscoa 2010, partindo da antífona litúrgica que ecoa o antiquíssimo hino de louvor dos judeus após a travessia do Mar Vermelho.
"Sim, irmãos, a Páscoa é a verdadeira salvação da humanidade! Se Cristo - o Cordeiro de Deus - não tivesse derramado o seu Sangue por nós, não teríamos qualquer esperança, o destino nosso e do mundo inteiro seria inevitavelmente a morte. Mas a Páscoa inverteu a tendência: a Ressurreição de Cristo é uma nova criação, como um enxerto que pode regenerar toda a planta. É um acontecimento que modificou a orientação profunda da história, fazendo-a pender de uma vez por todas para o lado do bem, da vida, do perdão. Estamos livres, estamos salvos!"
"Saído das águas do baptismo (prosseguiu o Papa), o povo cristão é enviado a todo o mundo a testemunhar esta salvação, a levar a todos o fruto da Páscoa, que consiste numa vida nova, libertada do pecado e restituída à sua beleza originária, à sua bondade e verdade".
"A Igreja é o povo do êxodo, porque vive constantemente o mistério pascal e difunde a sua força renovadora em cada tempo e lugar. Também nos nossos dias a humanidade tem necessidade de um êxodo, não de ajustamentos superficiais, mas de uma conversão espiritual e moral".
A humanidade - insistiu o Papa - "tem necessidade da salvação do Evangelho, para sair da crise que é profunda e como tal exige profundas mudanças, a partir das consciências". E a partir daqui, na sua Mensagem pascal "Urbi et Orbi", Bento XVI lançou o olhar sobre variadas situações do mundo, que bem carecem da "salvação do Evangelho", formulando-as como intenções de oração. A começar pelo Médio Oriente.
"Ao Senhor Jesus peço que no Médio Oriente e de modo particular na Terra santificada pela sua morte e ressurreição, os Povos realizem um verdadeiro e definitivo «êxodo» da guerra e da violência para a paz e a concórdia.
Às comunidades cristãs que conhecem provações e sofrimentos, especialmente no Iraque, repita o Ressuscitado a frase cheia de consolação e encorajamento que dirigiu aos Apóstolos no Cenáculo: «A paz esteja convosco!» (Jo 20,21)".
Do Médio Oriente, o Santo Padre dirigiu o olhar à América Latina, sem esquecer o Haiti e o Chile...
"Para os países da América Latina e do Caribe que experimentam uma perigosa recrudescência de crimes ligados ao narcotráfico, a Páscoa de Cristo conceda a vitória da convivência pacífica e do respeito pelo bem comum.
A dilecta população do Haiti, devastado pela enorme tragédia do terramoto, realize o seu «êxodo» do luto e do desânimo para uma nova esperança, com o apoio da solidariedade internacional.
Os amados cidadãos chilenos, prostrados por outra grave catástrofe mas sustentados pela fé, enfrentem com tenacidade a obra de reconstrução."
Neste elenco de situações do mundo, que clamam pela salvação que vem do Senhor ressuscitado, o Papa referiu depois a África, e as regiões a braços com o terrorismo e a perseguição religiosa:
"Na força de Jesus ressuscitado, ponha-se fim em África aos conflitos que continuam a provocar destruição e sofrimentos e chegue-se àquela paz e reconciliação que são garantias de desenvolvimento.
De modo particular confio ao Senhor o futuro da República Democrática do Congo, da Guiné e da Nigéria."
O Ressuscitado ampare os cristãos que, pela sua fé, sofrem a perseguição e até a morte, como no Paquistão.
Aos países assolados pelo terrorismo e pelas discriminações sociais ou religiosas, conceda Ele a força de começar percursos de diálogo e serena convivência."
Não ficou esquecida a crise económico social que abala o mundo e as variadas formas de uma difusa "cultura de morte".
"Aos responsáveis de todas as Nações, a Páscoa de Cristo traga luz e força para que a actividade económica e financeira seja finalmente orientada segundo critérios de verdade, justiça e ajuda fraterna.
A força salvífica da ressurreição de Cristo invada a humanidade inteira, para que esta supere as múltiplas e trágicas expressões de uma «cultura de morte» que tende a difundir-se, para edificar um futuro de amor e verdade no qual toda a vida humana seja respeitada e acolhida."
Bento XVI concluiu a Mensagem "Urbi et Orbi" recordando que "a Páscoa não efectua qualquer magia". Mesmo após a Ressurreição, a Igreja encontra sempre a história com as suas alegrias e as suas esperanças, os seus sofrimentos e as suas angústias". Mas "esta história mudou, está marcada por uma aliança nova e eterna, está realmente aberta ao futuro". "Salvos na esperança, prosseguimos a nossa peregrinação, levando no coração o cântico antigo e sempre novo: «Cantemos ao Senhor: é verdadeiramente glorioso!»
(texto integral em documentos do Vaticano)