Papa Bento XVI pede perdão as vitimas de abusos sexuais, no encerramento do ano sacerdotal em Roma.

papa_perdoO papa pediu perdão. Bento XVI aproveitou o encerramento do ano sacerdotal para desculpar-se em nome d toda a Igreja, às vítimas de abusos sexuais.

Roma testemunhou a celebração eucarística com o maior número de concelebrantes da sua história.

A Missa, presidida por Bento XVI, colocou um ponto final neste ano, que sua Santidade convocou para assinalar os 150 anos da morte do Santo Cura d'Ars, João Maria Vianney. Mais dados com António Estêvão, o nosso enviado especial.

Em uma cerimônia no Vaticano nesta sexta-feira, o papa Bento XVI voltou a pedir perdão pelos abusos sexuais cometidos por sacerdotes e prometeu ampliar o controle sobre os membros do clero desde o seminário a fim de evitar novos crimes do tipo.

Bento XVI falou diante de 15 mil clérigos reunidos na Praça de São Pedro para participar da cerimônia de encerramento do ano dedicado ao sacerdócio.

Vestidos de branco, os sacerdotes lotaram a praça, em um evento considerado sem precedentes no Vaticano.

O papa pediu que, diante da crise de vocações, os jovens descubram a aptidão para o sacerdócio e fez uma relação entre o "diabo" e o escândalo da pedofilia na Igreja Católica.

"Era de se esperar que o 'inimigo' não iria gostar de um novo brilhar do sacerdócio, ele teria preferido vê-lo desaparecer para que Deus fosse empurrado para fora do mundo. E assim aconteceu que, justamente neste ano de alegria para o sacramento do sacerdócio, vieram à tona os pecados dos sacerdotes, sobretudo o abuso contra os pequenos. Pedimos insistentemente perdão a Deus e às pessoas envolvidas", disse o Papa.

Carta
O papa já havia pedido perdão pelos abusos sexuais cometidos por religiosos católicos numa carta que escreveu aos católicos irlandeses em março.

Segundo uma pesquisa realizada pelo governo da Irlanda, milhares de menores foram vitimas de abusos cometidos por clérigos no país entre 1930 e 1980.

Depois da Irlanda, denúncias de abusos foram divulgadas em diversos países, e a hierarquia da Igreja Católica foi acusada de proteger e esconder os culpados.

O Vaticano publicou as regras a serem adotadas em casos de abusos, entre elas a denuncia do culpado à justiça civil.

O Papa se comprometeu mais uma vez - como fez durante uma visita em Malta em abril, quando encontrou com algumas vitimas de abusos - a fazer o possível para que esses crimes não mais ocorram.

"Queremos prometer que faremos todo o possível para que um tal abuso não ocorra nunca mais e que na admissão ao ministério sacerdotal, e durante o caminho de preparação a ele, faremos todo o possível para avaliar a autenticidade da vocação. Acompanharemos ainda mais os sacerdotes em seu percurso", prometeu Bento 16.

O papa também afirmou que é preciso interpretar o escândalo dos abusos como uma oportunidade para se purificar.

"Consideramos o que ocorreu como um dever de purificação, um dever que nos acompanha no futuro, com o compromisso de responder ao dom de Deus com nossa coragem e humildade."

Bastão

Em alusão aos sacerdotes que cometeram abusos, Bento 16 disse que a igreja deve usar o "bastão" contra comportamentos condenáveis, e também para defender a fé contra deturpações, como o pastor faz para proteger seu rebanho.

"A Igreja deve usar o bastão do pastor para proteger a fé contra os falsificadores e as orientações que são desorientações. O uso do bastão pode ser um serviço de amor", disse.

"Tolerar comportamentos indignos da vida sacerdotal não é amor, assim como não é amor deixar proliferar a heresia e a deturpação da fé, como se nós a inventássemos e não fosse um dom de Deus", afirmou.

O papa disse ainda que, como o pastor de ovelhas, além do bastão, o sacerdote deve também usar a vara, que serve como apoio para atravessar caminhos difíceis.

"As duas coisas são previstas no ministério da Igreja, no ministério do sacerdote", disse Bento 16, que definiu o sacerdócio como um sacramento e não um trabalho burocrático.