Sob o lema «Juntos em Cristo», o Papa vai desafiar os fiéis croatas a preservarem a sua «identidade religiosa e cultural» face aos avanços do secularismo.
A Igreja Católica croata aguarda de "coração aberto" e com "grande gratidão" a chegada de Bento XVI ao país, prevista para as 11 horas de sábado, reconhecendo na visita uma "importante ocasião para tornar mais viva a sua resposta cristã".
Segundo Agencia Ecclesia a garantia é dada pelo arcebispo de Zagreb, cardeal Josip Bozanic, para quem a presença do Papa responderá essencialmente aos anseios das famílias que, "à semelhança de outros países ocidentais, têm vindo a ser atingidas por uma cultura secularizada".
Em entrevista à Rádio Vaticano, o prelado aponta ainda para as populações que "sofrem também com a falta de trabalho, num período de dificuldades sociais e económicas generalizadas".
A viagem de Bento XVI, com o lema "Juntos em Cristo", acontece numa altura em que a antiga república jugoslava, a celebrar 20 anos de independência, se prepara para entrar na União Europeia.
Um processo que tem vindo a suscitar algum receio entre os meios católicos, pelas mudanças que poderá implicar.
Já em Abril deste ano, o Papa procurou lançar alguma luz sobre este tema, durante uma audiência concedida ao novo embaixador da Croácia, Filip Vucak, no Vaticano.
Bento XVI defendeu a importância daquela nação não se contentar apenas em "aderir a um sistema económico e jurídico com vantagens e limites", mas antes procurar "dar uma contribuição própria", com "respeito pela sua identidade religiosa e cultural".
Recorde-se que a Croácia conta actualmente com cerca de 4,5 milhões de habitantes, entre os quais 90 por cento são cristãos - católicos ou ortodoxos.
Uma herança histórica que sobreviveu, por exemplo, a décadas de opressão por parte do regime comunista liderado por Josip Tito, muito por obra do beato Aloysius Stepinac, que o Papa vai ter ocasião de homenagear.
Nessa cerimónia, e na celebração eucarística dedicada ao Dia Nacional das Famílias, ambas no domingo, Bento XVI procurará desafiar os fiéis a não renegarem os seus valores e ideais, mesmo perante a integração numa Europa onde "está na moda ter amnésia e negar evidências históricas, como as raízes cristãs".
Um esforço que acompanha exemplos anteriores, como o do beato João Paulo II, que o Papa felicitou recentemente por "ter reivindicado para o cristianismo a carga de esperança" que, em tempos, "fora cedida ao marxismo e à ideologia do progresso".
Para já, é possível verificar que a deslocação de Bento XVI está a entusiasmar a população croata, não só os crentes como também aqueles que não têm qualquer ligação à fé cristã.
"Não sou crente mas sinto-me feliz pela vinda do Papa, porque vai aproximar as pessoas, algo que, num tempo de desumanização como este, é mais que necessário" pode ler-se num dos comentários publicados no site especialmente criado para acompanhar o acontecimento.
Este sábado, o programa oficial de Bento XVI na Croácia inclui um encontro com o presidente croata, Ivo Josipovic, da parte da manhã.
À tarde, reúne-se com representantes religiosos, do corpo diplomático e elementos ligados à sociedade civil, religião, cultura, política e ciência.
Mais para o final do dia, está reservado outro dos pontos altos da passagem do Papa por solo croata, com a presença numa vigília de oração organizada pelos jovens, na praça Ban Josip Jelacic, perto da catedral de Zagreb.
Esta será a 19ª viagem de Bento XVI ao estrangeiro, desde o início do seu pontificado, em Abril de 2005, e a 13ª em solo europeu.