Vaticano diz que viagem do Papa vai reforçar diálogo ecuménico

palemResponsável da Santa Sé para a promoção da unidade dos cristãos destaca aproximação à Igreja Luterana.

O presidente do Conselho Pontifício para a Promoção da Unidade dos Cristãos (CPPUC), organismo da Santa Sé, afirmou que a próxima viagem de Bento XVI à Alemanha, entre quinta-feira e domingo, vai ter um acento ecuménico.


Em declarações à Rádio Vaticano, o cardeal Kurt Koch realça o encontro previsto para o antigo convento agostiniano de Erfurt, 237 quilómetros a sul de Berlim, no centro da Alemanha, no antigo convento dos Agostinhos, ordem religiosa à qual pertencia Martinho Lutero (1483-1546) antes de romper com Roma e lançar a reforma protestante.

"A viagem à Alemanha tem um acento ecuménico justamente porque levará o Santo Padre também à cidade de Erfurt, onde Lutero viveu como monge agostiniano e onde o Santo Padre encontrará os representantes do Conselho da Igreja Evangélica Alemã e participará de uma celebração litúrgica ecuménica", precisa o responsável da Santa Sé.

Nesta cerimónia vai ser lido um salmo da Bíblia, na tradução de Lutero.

"Ali rezaremos em conjunto, escutaremos a Palavra de Deus, pensaremos e falaremos em conjunto. Não esperamos nenhum evento sensacional: de facto, a verdadeira grandeza do evento consiste nisso mesmo, que nesse lugar possamos pensar em conjunto, escutar a Palavra de Deus e rezar; assim, estaremos intimamente próximos e manifestar-se-á um verdadeiro ecumenismo", disse o Papa numa mensagem ao povo alemão, transmitida no sábado à noite pela televisão pública germânica ARD.


O cardeal Koch quis ressaltar que "as relações com a Igreja Luterana são boas", destacando o caminho percorrido desde a assinatura, em 1999, de uma declaração conjunta sobre a doutrina da justificação.


"Como está escrito naquela declaração, creio que é chegado o momento de enfrentar as questões eclesiológicas: qual é a essência da Igreja, a natureza da Igreja? Creio que esses são os pontos sobre os quais agora se deve conduzir o diálogo", precisa o presidente do CPPUC.


A terceira visita do Papa a solo germânico, depois das de 2005 (Jornada Mundial da Juventude em Colónia) e 2006 (visita à Baviera, região onde nasceu), conta com passagens por Berlim, Erfurt, Etzelsbach e Friburgo, tendo como lema 'Onde há Deus, há futuro' (Wo Gott ist, da ist Zukunft), e inclui encontros com a comunidade judaica e muçulmana.


Na sua habitual mensagem dos sábados, a chanceler alemã Angela Merkel destacou a dimensão ecuménica desta viagem de Bento XVI à Alemanha.


"É importante reafirmar nos tempos atuais a unidade dos cristãos, já que a secularização avança", disse Merkel, filha de um pastor luterano que cresceu no leste comunista do país.


Esta vai ser a primeira viagem ao atual Papa à Alemanha com estatuto de visita de Estado, pelo que os primeiros momentos da agenda de Bento XVI em solo germânico são dedicados a encontros com responsáveis políticos.


Bento XVI será recebido pelo presidente federal, Christian Wulff, e por Angela Merkel em Berlim, na quinta-feira, onde também discursará perante o parlamento alemão.


O programa inclui seis voos, 12 discursos, três homilias, duas saudações e mais de 2750 quilómetros percorridos em 84 horas e meia.