Dezenas de milhares de pessoas reuniram-se hoje no Estádio da Amizade de Cotonou, Benim, para a missa que encerra a visita de Bento XVI ao país, na qual o Papa reiterou uma mensagem "de esperança e de paz".
"Sendo um homem de esperança, o cristão não pode desinteressar-se dos seus irmãos e irmãs. Isto estaria claramente em contradição com o comportamento de Jesus. O cristão é um construtor incansável de comunhão, de paz e de solidariedade - dons estes, que nos foram concedidos pelo próprio Jesus", disse o Papa, na sua homilia.
Utilizando o português para dirigir-se aos presentes, à imagem do que fizera no sábado, Bento XVI (em português) convidou os católicos a renovarem a sua "decisão de pertencer a Cristo e de servir o seu Reino de reconciliação, de justiça e de paz".
Antes, o Papa dirigiu "uma palavra amiga" a todas as pessoas que sofrem, "aos doentes, a quantos estão infectados pela SIDA ou por outras doenças, a todos os esquecidos da sociedade": "Tende coragem".
No domingo que encerra o calendário litúrgico da Igreja Católica, com a solenidade de Cristo Rei, Bento XVI destacou que Jesus "quis assumir o rosto daqueles que têm fome e sede, dos estrangeiros, dos que estão nus, doentes ou presos, enfim, de todas as pessoas que sofrem ou são marginalizadas".
"Ainda hoje, como há 2000 anos, habituados a ver os sinais da realeza no sucesso, na força, no dinheiro ou no poder, temos dificuldade em aceitar um tal rei, um rei que se faz servo dos mais pequeninos, dos mais humildes; um rei cujo trono é uma cruz", assinalou.
Neste contexto, a homilia papal deixou um apelo em favor de "um mundo onde a justiça e a verdade não são objecto de burla, um mundo de liberdade interior e de paz connosco, com os outros e com Deus".
Perante católicos da África ocidental, o Papa deixou uma saudação aos habitantes do Benim e dos países francófonos vizinhos: Togo, Burquina-Faso, Níger e outros.
"A nossa celebração eucarística nesta solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo dá-nos ocasião de agradecer a Deus pelos cento e cinquenta anos passados do início da evangelização do Benim e também pela segunda Assembleia Especial para a África do Sínodo dos Bispos que teve lugar em Roma", em 2009, referiu.
Bento XVI agradeceu a "todos aqueles que, ontem como hoje, permitiram a difusão da fé em Jesus Cristo no continente africano", lembrando que, "depois de 150 anos, são numerosos aqueles que ainda não ouviram a mensagem da salvação de Cristo".
O Papa pediu um esforço da Igreja para dirigir-se àqueles cuja "mentalidade, costumes, estilo de vida ignoram a realidade do Evangelho, pensando que a busca dum bem-estar egoísta, do lucro fácil ou do poder seja o fim último da vida humana".
"Com entusiasmo, sede testemunhas ardorosas da fé que recebestes! Fazei brilhar por todo lado o rosto amável do Salvador, em particular diante dos jovens que, num mundo difícil, andam à procura de razões de viver e de esperar", disse aos participantes na maior celebração desta viagem, que misturou o latim, o francês, o inglês e o português com línguas e cânticos tradicionais africanos, ao longo de mais de duas horas.
A visita de Bento XVI ao Benin, iniciada sexta-feira, conclui-se esta tarde, no aeroporto internacional de Cotonou, após passagens por esta cidade, capital económica do país, e por Ajudá, no litoral.